quarta-feira, 25 de junho de 2014

Vazou o vídeo da novinha no whatsapp - ­ A culpa é nossa!

Recentemente, uma atriz pornô gravou um vídeo para ser compartilhado pelo whatsapp, com o intuito de conscientizar quem utiliza o aplicativo, a não divulgar vídeos e fotos íntimas sem o consentimento dos envolvidos, o famoso revenge porn.

Há quem diga que ela fez para se publicizar, mas, não entrarei nesta questão. O fato é que o ato de compartilhar a vida íntima de outras pessoas é uma problemática que tem se agravado nos últimos anos e feito muitas vítimas. Fatais.

Duvida? Procura aí no google pelas palavras: "vítima de vídeo whatsapp", que você entenderá o que estou dizendo. Isso acontece todos os dias, em todos os lugares do mundo. Em 2013, tivemos dois casos que repercutiram no Brasil, o de Fran, de dezenove anos, e o de Júlia Rebeca, de dezessete, na época. Ambas foram vítimas de assédio, bullying e linchamento virtual. O motivo? Fizeram sexo.



A Fran, como as outras vítimas do revenge porn, teve a vida virada pelo avesso, li em alguns sites que a jovem teve que mudar a aparência e não pode voltar ao trabalho. No caso da adolescente de dezessete anos, o caso foi ainda pior: ela não aguentou a pressão e se suicidou dias depois.

Daqui eu já escuto o patriarcado dizer: "a culpa é toda delas, não quer que isso aconteça, é só não deixar filmar". É claro que a culpa sempre cai sobre o colo das vítimas, é óbvio. Mas é com pesar que eu escrevo este texto, para afirmar que, não importa a mim e a você se com todo o avanço da tecnologia não pode mais deixar ser filmado durante o ato sexual, não me interessa se elas fizeram para aparecer (o que acho difícil, hein?!). Devemos nos ater para as consequências que isso traz para todas essas meninas.

A cada menina/mulher que deixa de sair de casa ou que suicida porque teve um vídeo íntimo vazado pelo whatsaap, a culpa é de quem deixou isso vazar. E, de quem mostra para o amigo e compartilha. Então, vejam só: somos corresponsáveis por essas jovens terem suas vidas destruídas.

Porque você pode não se lembrar de alguma delas até a próxima aparecer na sua galeria de vídeos, porém, o trauma não desaparece da mente assim tão fácil. (Freud explica!)

"Vadia", "vagabunda", "tem que levar porra na cara mesmo", estes são apenas alguns dos comentários que eu me lembro de ouvir na época do caso Fran. Queria saber se quem faz esse tipo de julgamento ao ver um vídeo do tipo, já imaginou que a própria mãe, nove meses antes dele nascer, deu pra caralho e em treze segundos pode ter feito um ok com as mãos e dito para o marido: quer meu cuzinho, quer? Meu cuzinho apertadinho? A diferença é que o pai, se fosse um babaca, não tinha um smartphone. Sorte da mãe.

Sua mãe pode ser Maria, mas não é virgem. Aliás, já passou a hora dessa geração que se diz muito evoluída, entender que mulher gosta de sexo, e não há nenhum segredo nisso. Todos nós gostamos. O problema é que a sociedade nos divide em duas categorias: mulheres para divertir e mulheres para casar. As primeiras são objetificadas e não servem para relacionar. Das outras, se espera que sejam verdadeiras ladies, comportadas e submissas. Só servem de enfeite.

Quando eu digo que são milhares os homens "heterossexuais" que não gostam de nós mulheres, há quem tente me mudar de ideia. Enquanto não houver uma lei específica para punir os criminosos que compartilham do revenge porn, mais mulheres serão crucificadas, massacradas e culpabilizadas.

Porém, melhor que remediar, é prevenir. E, uma alternativa é uma mudança de comportamento dessa sociedade violenta, misógina e machista, (lembrando que também há mulheres reprodutoras do discurso machista) que pare de jogar pedra na Geni, na Fran e na Julia Rebeca. O mínimo que se espera ao transar com alguém na cama, banheiro, cozinha, quintal, ou onde o fetiche mandar, é respeito.

Por um mundo que se possa fazer vídeos de treze segundos com a segurança que ele não irá se propagar por outros celulares. Até porque, há quem goste de ser exibir para câmera e ninguém tem o direito de julgar o fetiche do outro. Sejamos menos hipócritas e gozemos mais. Aliás, naquele livro sagrado que muitos têm como filosofia de vida, está escrito: Deus ama quem dá com alegria.


Sobre o texto:
Minha contribuição para o Babel Digital :)

Um comentário:

  1. Uau!!! Seu texto deveria ser utilizado como material didático em escolas! Muito bom! Parabéns! Elabore um projeto. Apresente ao Ministério da Educação. Tem tudo pra dar certo.

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