terça-feira, 30 de julho de 2013

A diferença entre merecer um Bob's ou um McDonald's


Por muito tempo imaginei que encontrar a "tampa da panela", a "metade da laranja" ou até mesmo o "queijo da goiabada" fosse sinônimo de encontrar a felicidade. Isso talvez se dê por eu ter nascido menina, e meninas desde pequenas aprendem que a vida é basicamente assim: você cresce, encontra seu príncipe encantado, casa-se com ele, tem lindos filhos e aí sim é feliz. 

Só esqueceram de nos avisar que essa história pra boi dormir (ou pra nossas avós fazer a gente dormir) só funcionava nos livros infantis de uma coleção qualquer que vendiam na escola. Se você já levou alguns significativos pés na bunda e já esperou muito sapo se transformar em outra coisa, minha amiga, você há de concordar comigo que príncipe encantado definitivamente não existe. 


O que existe é uma pessoa com quem você irá compartilhar a sua vida e viver bons - e maus - momentos ao lado dela. Sim, maus também! Não pense que quando você encontrar seu boy magia a felicidade virá de brinde, porque não vai. 


Vejo muitas mulheres lindas, inteligentes e interessantes, porém tristes por não serem dois. Pensam que só se sentirão completas quando formarem um par. Entenda de uma vez por todas: a SUA felicidade depende exclusivamente de você.


Você acorda, olha para o lado e ele não está. Verifica o celular e nada de mensagens. Nas redes sociais parece que a vida segue muito bem por sinal, olha no calendário e já faz um ano que ele se foi.... então lava esse rosto, mulher! Se você tentou uma, duas, três vezes e ele não demonstrou interesse em também fazer dar certo, está na hora de mandar um beijo pro bonitão e aprender a se amar. Como diz a música: "Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo." Não é um processo fácil, a proposta é mais desafiadora, mas posso te garantir que a conquista vale muito mais a pena. 


Você já deve ter lido isso algum lugar na internet, livros ou revistas. Eu também já li e fui levar isso a sério há pouco tempo. É muito bonita a expressão: "Nós dois juntos somos apenas um!" e escrever como legenda de foto no facebook. Mas cá entre nós, não existem dois em um quando o assunto é entender seus surtos de TPM.  Não existe um ser onipresente quando você não está afim de fazer sexo naquele sábado de aniversário de namoro. E quando tudo começa a pesar e o relacionamento cai na rotina e você leva tudo isso para o travesseiro na hora de dormir, meu bem... aí que não existe outra pessoa além de você e você mesma.


E justamente nesses dias, se você não estiver em paz com o seu interior, se você for pra frente do espelho e não conseguir sentir amor e admiração pra pessoa refletida ali, sinto muito, mas também não conseguirá sentir tudo isso verdadeiramente por um outro alguém. 


Mas eu acredito que todas nós, seja aos 15, 25, 35 ou aos 50, um dia, vamos rir dessa história de príncipe encantando que implantam nas nossas cabeças ainda nos úteros das nossas mães e valorizar a parte mais importante do conto de fadas: as princesas. E elas, não necessariamente usam sapatos e tiaras de cristal. Pode ser um all star meio sujo e uma presilha velha. Nem sempre são as coitadinhas, elas tem um negócio que é o bicho: tensão pré-menstrual. 


Mas apesar dos pequenos detalhes, elas se conhecem, possuem um brilho diferente no olhar e uma maneira leve de seguir a vida. Deixaram para trás a idealização de relacionamento perfeito e vivem com o pé no chão um namoro real, de carne e osso, com todos os altos e baixos que qualquer relação pode oferecer. Sabem qual o segredo? Descobriram o tal do amor próprio. 


Não é questão de egoísmo, se amar acima de tudo é sinônimo de não aceitar um bob's quando se quer na verdade um Mc Donalds. Quem se ama primeiramente, não precisa viver um relacionamento conturbado e angustiante pelo simples medo de ficar sozinha. Acreditar que a sua felicidade depende de outra pessoa é burrice. Aí a pessoa te larga, você cai na fossa e ainda tem a hipocrisia de ir nas redes sociais dizer que ama a solteirice. 


Ter alguém do lado pra compartilhar os acontecimentos da vida é uma delícia. Um sexo depois de um filme naquela sexta-feira chuvosa, nem se fala. Mas depender de "um porto seguro" pra se sentir completa, é cilada bino! Aprenda a degustar uma taça de vinho seco sozinha, não tenha medo de conhecer o próprio corpo e o que te dá prazer, deixa o preconceito e os tabus da masturbação para os mais velhos. E aí, quando você nem estiver se preocupando mais em encontrar o "amor da sua vida" e estiver muito feliz com a sua companhia... o amor da vida aparece. 


Caso o contrário, se continuar assistindo novelas e filmes de princesas e se desesperar porque não recebeu nenhum convite para o sábado... peça um bob's.  Afinal, aprender a gostar de si mesmo já é um processo muito complicado, então firmar um compromisso a dois não serve pra quem vive esperando um conto de fadas. 

terça-feira, 16 de julho de 2013

Você tem meia hora (...)

Desta vez vai pra valer.

Não disca meu número, não me chama no inbox, não toca aquela música pra eu escutar.
Desta vez, vá procurar seu rumo e deixa eu me encontrar.

Foram inúmeras noites mal dormidas ouvindo a voz da Adriana cantar: "Entre por essa porta agora e diga que me adora, você tem meia hora pra mudar a minha vida, vem, vambora.."
Desta vez o som ficará desligado.

Porque se você chega com esse olhar, com esse sorriso manso, eu esqueço de todas as promessas, de todos os textos, de todas as juras ao universo de nunca mais querer ter você por perto.

Você não pode ficar à um metro de distância de mim, você não pode entrar nos meus textos, já passou da hora de partir. Senão também ficará na minha mente, enquanto eu espero o café amargo passar. Tão amargo quanto você.

Você não pode entrar por essa porta como canta a Adriana. Senão ficará seu cheiro em meus lençóis e eu já não conseguirei dormir.

Você não pode dividir seu cigarro comigo, senão seu gosto também entrará nos meus pulmões e preencherá todos os alvéolos e bronquíolos. Eu não quero câncer de você. Meus compassados ritmos cardíacos só de lembrar do seu rosto já me bastam.

Nem de longe você sonha que os meus escritos são pra você, quiçá sabe da existência desse blog. E por isso eu escrevo. Enquanto você viaja e conhece novas mulatas, eu só desejo que não volte. Não para o meu próximo texto. Você não pode mudar o rumo de tudo que já foi pensado, medido e planejado. Eu queria falar de sentimentos bonitos, mas você quis trazer a ideia de romantismo pessimista pro meu lado. 

Aqui não é o seu lugar. Pela milésima vez, agora vá embora pra valer.



[Ouvindo: Vambora - Adriana Calcanhoto]