domingo, 29 de setembro de 2013

Dicas pra você fazer o que bem entender - Chega de imposições machistas

Nunca fui fã de acompanhar revistas e blogs segmentados pra ficar antenada sobre o que está rolando no universo feminino. Não porque eu me comporto como homem, é por preguiça mesmo. Os conteúdos me preocupam bastante: quando o assunto é sexo, o prazer da leitora quase não é (ou nunca) levado em conta.

Somos bombardeadas o tempo inteiro com as manchetes: "Dez dicas pra não errar no oral";  "Segredos das mulheres boas de cama"; "Como agradar o seu parceiro?"; "Maneiras de como fingir orgasmo" e coisas bem piores.

Que o (não) orgasmo da mulher é um mistério, todo mundo está cansado de saber. Mas simplesmente ignorar isto e objetificar o sexo feminino à bel prazer do homem, não acredito que seja uma escolha inteligente.

Ao contrário de outros blogs, esta postagem não é direcionada à nenhum sexo específico. Selecionei apenas algumas dicas para que a mulher síntaxe à vontade em ser ela mesma entre quatro paredes. E que o homem apenas entenda a naturalidade da parceira.



1. Segundo algumas revistas, as mulheres devem ser submissas até na hora de gozar. Ou melhor, se não gozou, deve fingir pra agradar o homem. PARE de fazer isto. Convém mais direcionar o seu parceiro e sentir prazer, do que virar uma refém da farsa todas as vezes que for pra cama.

2. Lingerie, óleos e "brinquedinhos eróticos": tudo é válido, surpreender ajuda em obter sucesso na hora H. Pois é: ajuda. Não define nada. De que adianta passar o dia no sex shop e à noite ser uma múmia na cama? 

3. Ele adora mulher depilada pra sentir o gosto dela, não é? Mas ela, por sua vez, é obrigada a lidar com a mata atlântica dele pra se sair bem. Não é questão de exigir cera quente, mas: bom senso. 

4. Tal revista diz que a posição preferida  deles é aquela que você detesta. Já tentou, mas não se sente à vontade. No calor dos lençóis dizem que tudo é válido, eu já penso que tudo é conversado. O que é bom pra você nem sempre agrada o outro. Jogue aberto e não faça nada forçado. 

5. Dizem também que sexo é uma forma de segurar homem. Pois bem, vemos aí um problema alarmante: mulheres insatisfeitas transando sem vontade pois tem medo de perder o relacionamento. Se pensa que é isso que está deixando ele ao seu lado, pode ser que tenha mais dez proporcionando trepadas bem melhores. A base de um relacionamento duradouro é o diálogo. Só ele pode resolver conflitos, não o papai e mamãe. 

6. A sociedade não vê problema nenhum em homem que sai comendo todo mundo. Ok. Mas repudia a garota que dá no primeiro encontro. Como se mulher não gostasse de sexo! De uma vez por todas: sexo não define caráter. Um momento que deveria ser quando os dois querem, é ditado por revistas que dizem que você perderá a reputação se ceder na primeira noite. Um ode aos desejos sexuais. 

7. Jogue estas revistas fora e retire estes blogs machistas dos favoritos. O que você vai usar e fazer depende exclusivamente de você. A escolha é sua, baby. Diga não aos estereótipos dos papéis de gênero e chega de imposições machistas! 

sábado, 31 de agosto de 2013

Em pleno século XXI e ainda não nos cumprimentamos nas ruas - Pelo direito (e dever) de ser gentil

Hoje pela manhã, andando pela movimentada Antonio Olímpio de Moraes, um homem lá pelos seus cinquenta anos, gritava  pra todo mundo que passava ao seu lado: "Ei, você está no século XXI?" Se a pessoa não respondesse - como no meu caso -  gritava às outras: "Esta aí não vive no século XXI. Não conversa com os outros." 

Pode parecer besteira, mas este fato me fez refletir sobre algumas atitudes do dia a dia. Do meu, do seu e de milhares de "nós" que esbarram na fila da lotérica, nas calçadas, sentados por horas  sem trocar uma palavra aguardando a vez pra ser atendido no banco e, até mesmo, numa roda de amigos na mesa do bar, mas, cada um conectado no seu universo particular pelo smartphone. 

Por que um "Bom dia, como vai?" inesperado de um estranho ao entrarmos no elevador, nos assusta? Um motorista que nos deixa atravessar onde não é obrigatório parar, um cumprimento na rua de alguém que não conhecemos, um sorriso e um agradecimento da moça da pastelaria... tudo isso, na correria que o mundo está, chega a nos abalar. Mas... não deveria ser assim. 



Tem gente que culpa um desentendimento na família, o "tempo" que deu no namoro, a pressão do chefe no escritório e diversas outras  questões que provocam estresse durante o dia. Mas, falta de educação, não tem desculpa. O rapper Criolo, cantou isto em uma de suas canções: "E as pessoas se olham e não se falam, se esbarram na rua e se maltratam, usam a desculpa de que nem Cristo agradou. Falô! Cê vai querer mesmo se comparar com o Senhor?"

Eu sempre soube de tudo isso. Todos nós sabemos. Mas por que é tão difícil ser gentil? Aproveito o acontecido de hoje pela manhã pra entrar em setembro com uma nova postura. Você bateu um papo, de dez minutos que seja, com o porteiro do seu prédio nesta semana? Cedeu o lugar no ônibus pra aquela pessoa que está cheia de sacolas e com a feição cansada? Perguntou sua mãe como foi o dia dela? 

Hoje é o último dia de agosto. Daqui pra frente vista-se da coleção primavera-verão no quesito de deixar os seus dias mais leves e mais coloridos com pequenos gestos de gentileza. Que por sinal, fazem grandes diferenças. Sorria mais para os estranhos na rua, por mais que a atitude faça parecer que o estranho seja você. Mas talvez, esse seja o único sorriso que ele  tenha recebido nos últimos dias.

Acho que não temos nada a perder adotando estes novos métodos. O homem da Avenida Antônio Olímpio estava muito certo ao questionar o porquê de estarmos em pleno século XXI e não nos cumprimentarmos nas ruas. Se gentileza não fosse algo bom, José Datrino,  falecido em 1996 aos setenta e nove anos, não teria uma de suas citações reconhecidas em todo o mundo: "Gentileza gera gentileza."

Antes de julgar o mau humor do seu colega de trabalho, tente ajudar. A mudança começa em nós. E, assim, o mundo caminha pra melhor. 

terça-feira, 30 de julho de 2013

A diferença entre merecer um Bob's ou um McDonald's


Por muito tempo imaginei que encontrar a "tampa da panela", a "metade da laranja" ou até mesmo o "queijo da goiabada" fosse sinônimo de encontrar a felicidade. Isso talvez se dê por eu ter nascido menina, e meninas desde pequenas aprendem que a vida é basicamente assim: você cresce, encontra seu príncipe encantado, casa-se com ele, tem lindos filhos e aí sim é feliz. 

Só esqueceram de nos avisar que essa história pra boi dormir (ou pra nossas avós fazer a gente dormir) só funcionava nos livros infantis de uma coleção qualquer que vendiam na escola. Se você já levou alguns significativos pés na bunda e já esperou muito sapo se transformar em outra coisa, minha amiga, você há de concordar comigo que príncipe encantado definitivamente não existe. 


O que existe é uma pessoa com quem você irá compartilhar a sua vida e viver bons - e maus - momentos ao lado dela. Sim, maus também! Não pense que quando você encontrar seu boy magia a felicidade virá de brinde, porque não vai. 


Vejo muitas mulheres lindas, inteligentes e interessantes, porém tristes por não serem dois. Pensam que só se sentirão completas quando formarem um par. Entenda de uma vez por todas: a SUA felicidade depende exclusivamente de você.


Você acorda, olha para o lado e ele não está. Verifica o celular e nada de mensagens. Nas redes sociais parece que a vida segue muito bem por sinal, olha no calendário e já faz um ano que ele se foi.... então lava esse rosto, mulher! Se você tentou uma, duas, três vezes e ele não demonstrou interesse em também fazer dar certo, está na hora de mandar um beijo pro bonitão e aprender a se amar. Como diz a música: "Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo." Não é um processo fácil, a proposta é mais desafiadora, mas posso te garantir que a conquista vale muito mais a pena. 


Você já deve ter lido isso algum lugar na internet, livros ou revistas. Eu também já li e fui levar isso a sério há pouco tempo. É muito bonita a expressão: "Nós dois juntos somos apenas um!" e escrever como legenda de foto no facebook. Mas cá entre nós, não existem dois em um quando o assunto é entender seus surtos de TPM.  Não existe um ser onipresente quando você não está afim de fazer sexo naquele sábado de aniversário de namoro. E quando tudo começa a pesar e o relacionamento cai na rotina e você leva tudo isso para o travesseiro na hora de dormir, meu bem... aí que não existe outra pessoa além de você e você mesma.


E justamente nesses dias, se você não estiver em paz com o seu interior, se você for pra frente do espelho e não conseguir sentir amor e admiração pra pessoa refletida ali, sinto muito, mas também não conseguirá sentir tudo isso verdadeiramente por um outro alguém. 


Mas eu acredito que todas nós, seja aos 15, 25, 35 ou aos 50, um dia, vamos rir dessa história de príncipe encantando que implantam nas nossas cabeças ainda nos úteros das nossas mães e valorizar a parte mais importante do conto de fadas: as princesas. E elas, não necessariamente usam sapatos e tiaras de cristal. Pode ser um all star meio sujo e uma presilha velha. Nem sempre são as coitadinhas, elas tem um negócio que é o bicho: tensão pré-menstrual. 


Mas apesar dos pequenos detalhes, elas se conhecem, possuem um brilho diferente no olhar e uma maneira leve de seguir a vida. Deixaram para trás a idealização de relacionamento perfeito e vivem com o pé no chão um namoro real, de carne e osso, com todos os altos e baixos que qualquer relação pode oferecer. Sabem qual o segredo? Descobriram o tal do amor próprio. 


Não é questão de egoísmo, se amar acima de tudo é sinônimo de não aceitar um bob's quando se quer na verdade um Mc Donalds. Quem se ama primeiramente, não precisa viver um relacionamento conturbado e angustiante pelo simples medo de ficar sozinha. Acreditar que a sua felicidade depende de outra pessoa é burrice. Aí a pessoa te larga, você cai na fossa e ainda tem a hipocrisia de ir nas redes sociais dizer que ama a solteirice. 


Ter alguém do lado pra compartilhar os acontecimentos da vida é uma delícia. Um sexo depois de um filme naquela sexta-feira chuvosa, nem se fala. Mas depender de "um porto seguro" pra se sentir completa, é cilada bino! Aprenda a degustar uma taça de vinho seco sozinha, não tenha medo de conhecer o próprio corpo e o que te dá prazer, deixa o preconceito e os tabus da masturbação para os mais velhos. E aí, quando você nem estiver se preocupando mais em encontrar o "amor da sua vida" e estiver muito feliz com a sua companhia... o amor da vida aparece. 


Caso o contrário, se continuar assistindo novelas e filmes de princesas e se desesperar porque não recebeu nenhum convite para o sábado... peça um bob's.  Afinal, aprender a gostar de si mesmo já é um processo muito complicado, então firmar um compromisso a dois não serve pra quem vive esperando um conto de fadas. 

terça-feira, 16 de julho de 2013

Você tem meia hora (...)

Desta vez vai pra valer.

Não disca meu número, não me chama no inbox, não toca aquela música pra eu escutar.
Desta vez, vá procurar seu rumo e deixa eu me encontrar.

Foram inúmeras noites mal dormidas ouvindo a voz da Adriana cantar: "Entre por essa porta agora e diga que me adora, você tem meia hora pra mudar a minha vida, vem, vambora.."
Desta vez o som ficará desligado.

Porque se você chega com esse olhar, com esse sorriso manso, eu esqueço de todas as promessas, de todos os textos, de todas as juras ao universo de nunca mais querer ter você por perto.

Você não pode ficar à um metro de distância de mim, você não pode entrar nos meus textos, já passou da hora de partir. Senão também ficará na minha mente, enquanto eu espero o café amargo passar. Tão amargo quanto você.

Você não pode entrar por essa porta como canta a Adriana. Senão ficará seu cheiro em meus lençóis e eu já não conseguirei dormir.

Você não pode dividir seu cigarro comigo, senão seu gosto também entrará nos meus pulmões e preencherá todos os alvéolos e bronquíolos. Eu não quero câncer de você. Meus compassados ritmos cardíacos só de lembrar do seu rosto já me bastam.

Nem de longe você sonha que os meus escritos são pra você, quiçá sabe da existência desse blog. E por isso eu escrevo. Enquanto você viaja e conhece novas mulatas, eu só desejo que não volte. Não para o meu próximo texto. Você não pode mudar o rumo de tudo que já foi pensado, medido e planejado. Eu queria falar de sentimentos bonitos, mas você quis trazer a ideia de romantismo pessimista pro meu lado. 

Aqui não é o seu lugar. Pela milésima vez, agora vá embora pra valer.



[Ouvindo: Vambora - Adriana Calcanhoto]

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Melancia, Moranguinho ou Melão: qual fruta serei hoje à noite?

O carro passou ao lado da jovem estudante de Direito com o som no último volume: "PRE-PARA que agora é a hora do show das poderosas!" Estava na rua e sentiu uma súbita vontade de dançar. O som a movia e ficou surpresa ao deparar que cantou - sem querer - junto com a música.

Estaria Amanda, de vinte anos, traindo os velhos discos da mãe? Aquele do Chico, "Construção", o "Água Viva" da Gal e outro do Vinícius que me falha a memória mas ouve quase todos os dias antes de dormir.  O pai foi vocalista de uma banda cover dos Beatles e a mãe, professora. Também era escritora nas horas vagas. A filha sempre ouve dos dois que funk é o câncer da música brasileira. Menina comportada escuta funk? Na-na-ni-na-não.

Ela percebeu as mudanças quando foi com os amigos da faculdade à uma festa com tudo liberado. Sim, tudo: até funk. Amanda reclamou e pediu pra trocar as músicas mas se frustou. O volume estava cada vez mais alto e o batidão não parecia que ia acabar tão cedo.

Prestou atenção nas letras e foi obrigada a engolir por algumas horas. A banalização do sexo feminino e a exposição do corpo foi deixando-a sem jeito e com vontade de sair correndo. Era um pesadelo! Ela sempre acreditou que o funk ainda sobrevivia para atender a demanda do mercado erótico. Nunca pensou que as letras retratassem a libertação feminina. E aquele dia a quantidade de álcool não foi suficiente para que ela se rendesse ao som.

Sempre escuta de relance nas rádios, na tv, algum vídeo na internet, mas nunca havia parado para ouvir uma música inteira. De-tes-ta. Além de quebrar o conceito de mulher intelectual que tinha aos olhos da família e dos amigos.

Mas, esse dia em especial, voltando da aula de inglês, sentiu uma enorme vontade de dançar e cantar bem alto junto com a música que vinha do carro. Já tinha ouvido falar alguma coisa sobre essa nova funkeira, Anitta. E a música sem se dar conta: estava na ponta da língua. Foi um misto de prazer e agonia. Ora bolas! A estudante de Direito cantando funk?  E o pior: na rua? Não, não, bem pior: queria dançar! Que desgosto!

Viu um papel no chão, era um flyer de um baile funk no mesmo dia, à noite, na Ladeira dos Tabajaras. Viu que ninguém olhava, abaixou, pegou e escondeu na bolsa. Ao chegar em casa pesquisou no youtube por um dos Mc's que a chamou atenção no papel e decidiu: "Hoje eu vou pro baile, de sainha.  Agora eu tô solteira e ninguém vai me segurar."

Ainda não conseguia dar explicação pra tudo aquilo, mas não sabia também se era necessário explicar-se. A menina que sempre ouviu o que era lhe dado à força sem abertura para novos estilos, queria buscar mais. Por anos pensou que não gostava do estilo musical e quando decidiu ouvir sem interferência de terceiros, ainda sentia um sentimento de culpa. Culpa de que? Confessar o que? Era preciso acabar com esse preconceito de séculos.

Hoje ela estava decidida. Nada a impedia de ouvir Clube da Esquina no intervalo da faculdade de segunda à sexta mas no sábado colocar aquele vestido que vestia super bem, e rebolar. Dançar como se libertasse esse padrão de : "filha-perfeita-inteligente-e-batalhadora." Se soltar desse perfil ditado pela sociedade, nem que fosse por algumas horas.

Amanhã ela ouvia o Milton e Lô Borges, mas hoje, ahhh! Ela quer escutar só o Mc Koringa. E deixa ela.! Afinal, é possível mexer o popozão e a cabeça também.

Então, solta o som, DJ!

terça-feira, 4 de junho de 2013

"então são mãos e braços, beijos e abraços, pele e barriga e seus laços...

São armadilhas que eu não sei o que faço, 
aqui de palhaço seguindo os seus passos..."




Um oceano fervente onde as línguas se encontravam e faziam o vidro do carro embaçar. "Opa, aqui não é lugar... Vamos para a rua de baixo onde não tem luz..." As mãos percorriam o corpo dela e conheciam cada curva que o vestido queria mostrar. Nele, as costas ficavam marcadas pelas unhas de esmalte vermelho que  tinha feito só pra esse encontro. O suor começa a descer no rosto e o líquido quente também quando a mão dele a toca. Ela abre o zíper e ele fecha os olhos. Respiração ofegante, a pele queimava...

Não, não quero. Não posso.

"O que??? Por que???" Não adianta, ela não vai te responder com sinceridade e você continuará imaginando o que fez de errado. Bem... estava indo era bom demais na verdade, ela assim como você estava pegando fogo. Literalmente. Você perdeu uma ótima trepada. E ela também está ciente disso. 

Muito se fala sobre "cabeça aberta", mas pouco se usufrui. Ainda não sei onde está o erro: nas mulheres que cresceram com a mãe dizendo que sexo só depois de um namoro duradouro ou depois que ele oferece o anel de ouro da mão esquerda, ou dos homens que pensam que mulher que dá no primeiro encontro é vadia. 

Ela é menina pra casar. Ela pode ser A sua menina. Pode fazer um ótimo boquete e depois jogar vídeo game com você, ao contrário de ficar reprimida curtindo suas fotos no facebook até que você tome a inciativa, e após quatro meses ela poder aceitar ir ao motel. No sábado vocês saem pra um show de banda de rock, no domingo vão ao cinema, na segunda você a ajuda no trabalho da faculdade, na terça ela faz salada pra você, na quarta assistem seriado, na quinta fazem uma bagunça na cozinha e jantam aquela macarronada e na sexta... ah, na sexta! 

Mas o que se vê são  mulheres, sim, mulheres de vinte e cinco anos que ainda não se permitiram ao desejo. E homens, que ainda acham estranho mulheres resolvidas de si. Sem generalizar. Mas encontramos na maioria das esquinas. E dos bares. 

Todos tem a mesma oportunidade. Esse cara que você conheceu há alguns dias e que te dá tesão pode ser o homem que vai ouvir o vinil de Vinícius no seu quarto e te fazer companhia naquele tédio do feriado. Essa menina de saia curta, salto alto e batom vermelho pode discutir sobre o governo ou se é ou não contra o bolsa família enquanto vocês tentam cozinhar algo para o jantar.

Mas, essas que dão na primeira na noite não são pra levar à sério. Então ela vai pular fora na hora H. Ela vai negar o desejo e ir pra casa sabendo que perdeu um sexo maravilhoso. O que importa, é a moral. Isso a conforta. 

Acredito que daqui há alguns bons anos a nossa mentalidade possa mudar, os nossos filhos terão uma vida sexual ativa e serão mais felizes. Eles irão nos convencer e também às nossas tias (pra-titias) que sexo oral não é sinal de má índole.  Mulher decidida do que quer, também consegue ser apaixonada e mandar um cartão "Quero ficar no teu corpo feito tatuagem que é pra te dar coragem pra seguir viagem quando a noite vem" naquela segunda-feira de stress. Adorar e não negar sexo nada tem a ver com fidelidade. Uma coisa não depende da outra. Mas.. vou tentar passar isso pra minha Sofia, daqui alguns anos quando ela vier ao mundo.

Enquanto isso? Ah... fingimos que não fazemos nada disso e continuemos com nossos discursos moralistas nas rodas com os amigos. 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

D-eu-s

No fim das contas você descobre que é só uma questão de manter o equilíbrio. 
"Só".

Eu me crismei na Igreja Católica por pensar que estava fazendo a coisa certa e pra satisfazer a minha família.
Aos 16 conheci a Evangélica e o Centro Espírita.
Aos 17 mandei tudo a puta que pariu e "eu não sei no que acredito".
Não me culpo, eu cresci numa família muito religiosa. Muito. E eu já manifestava os primeiros sintomas de jornalista: Porque acreditar se não há fatos que comprovam? 

A vida boêmia precoce me permitiu muitas coisas, uma delas a acreditar que Deus (sim, com letra maiúscula) existe. Primeiro que ele não vai me levar pro céu se eu for uma boa menina. Nem pro inferno se eu matar aula. 

Mesmo frequentando a religião católica, meu diálogo com ele sempre foi muito informal. Eu faltava falar: "Aí cara, arrasta a cadeira, abre uma cerveja que agora você vai me ouvir reclamar por umas duas horas".
Hoje em dia o nosso contato diminuiu bastante. Embora eu  lembro dele todos os dias quando olho para o infinito. É... o céu é um lugar lindo e acho que ele deve ficar por ali mesmo, entre as nuvens...

Você já deve ter assistindo ao menos um episódio de Dragon Ball Z e é daquela energia do universo que eu estou falando. É! Pra mim aquilo é Deus.
E todas as vezes que eu começo a agradecer: "Véi, eu sou fã do seu trabalho" eu prefiro olhar pra cima. Sei lá, por já estar acostumada a pensar que é lá que ele vive ou por ser o lugar mais bonito que existe, por não haver interferência humana. Melhor ele ficar quietinho lá mesmo. 

"Você atrai o que transmite" - parece alguma frase retirada de algum livro do Augusto Cury. Não sei se é. Mas por mais que eu não goste de frases autoajuda essa acho que deveria compor os mandamentos a serem seguidos. Muita gente ia prestar atenção nas energias que andam repassando e o mundo seria mais agradável.

Eu não vou entrar muito nesse assunto, se quiser leia a respeito no google ou eu empresto "The Secret". Mas eu não consigo falar sobre Deus sem falar dessa energia: "Deus reside dentro de mim como eu". Não dá pra imaginar um cara de uns cinquenta e poucos anos, cabelos longos e grisalhos, barbudo e roupa branca se na verdade eu via uma menina de dezenove anos. cabelos curtos e magra. (ok, ok, com barriguinha de chopp).

O fato é que as coisas são mais complexas do que nos fizeram acreditar durante um bom tempo. (Ohhh, dona da verdade!) Não falo pra você que tem seu deus aí retratado na imagem da sala. Falo pra quem vive no dilema  e já tentou de várias formas ter contato com esse ser que muitos já tiveram (boas) experiências.

Você sai das religiões, discorda do mundo, levanta questões, rebate com bons argumentos, é o único na mesa do bar com ideias sensatas e lógicas, pra de repente saber que é tudo uma questão de manter o equilíbrio.

Entre você, o universo ao redor... e você. Isso não seria um deus?

Deus. D-eu-s.

domingo, 14 de abril de 2013

experimenta, devora e coloca pra fora


o sol apareceu dizendo que o dia começou e ele não estava ali, foi embora enquanto a lua ainda entrava pela janela. lavou o rosto e com o blusão foi fazer o café, tão forte quanto aquilo que sentia e colocou pra fora horas antes. sabia que não teria mais energia e não o veria mais, a não ser tocando nas bandas de rock nos bares da cidade. agora deixa que o trabalho ocupe a mente, te devorando, como ele fez com você aquele dia. só pra mastigá-la, causar atrito, encostar na tua pele que fervia nas noites frias, na tua língua que parecia o mar, espremia até que derramasse todo o caldo de desejo e obedecia as tuas vontades. agora deixa escorrer por entre as pernas... a saudade. mas passará. porque ele acabou de virar a esquina. esqueceu. está tocando outro ritmo. em outro lugar... não nos teus lençóis.

[Ouvindo: Como 2 e 2 - Gal Costa]

segunda-feira, 4 de março de 2013

Pronto, desliguei.

Fiz as pazes com o Chico,  Cachorro Grande, Karina Burh e com o álbum "Ventura" de Los.
Logo eu que reclamava dos brasileiros retornarem as atividades normais depois do carnaval, dei partida agora. Zero a zero no placar. Acordei sem me importar em olhar o celular. A te stalkear. Dessa vez eu não pedi pra trocar de música quando começou "Olhos nos olhos", pelo contrário, cantei junto. No fim de semana eu não me importei em pensar que poderia encontrar com você e ela no show. Let it be. A minha sede de você acabou.
Você não me deve desculpas pela sua (ou minha) loucura. Eu ainda não devia escrever nada sobre você. Mas seria injusto comigo ou com quem aqui dentro automaticamente escreveu tanto tempo assim sobre você, não despedir. Na verdade, são tantos "vocês" que se revezam nos capítulos... são tantos tiros de raspão no coração. Mas a física explica, nós que não soubemos interpretar e insistimos. Os opostos se atraem mas não somam. "Mais com menos" nunca acrescentarão. Sempre haverá um resultado negativo preciso no caminho. Por isso eu me despeço, por mais que você já tenha feito a mala há muito tempo.
Mas eu ainda estava aqui querendo provar o contrário. Qualquer dia desses, venha tomar café em casa e discutir sobre política. Na verdade eu não quero mais saber como você está, mas pode vir jogar conversa fora... mas só venha com vinho.
Ahh, hoje ao acordar não precisei verificar no espelho se eu estava bonita. Eu tinha certeza que estava. Com o mesmo sorriso colgate e a franja jogada de lado. E como brasileira que sou, o carnaval passou, não é? Agora eu quero outros sabores, outros ambientes e novos sons. Preciso de um novo protagonista pra descrever nos meus rascunhos. De uma nova trilha sonora. De um novo lugar pra olhar nos olhos. E, claro: daquele sentimento que chega a tormentar e não entender o porquê de levar mais alguém além de mim.


[Ouvindo: Um Girassol da Cor de Seu Cabelo - Milton Nascimento e Lô Borges]

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

some (...) com a minha cara de insônia


não é só o meu cabelo que está bagunçado
a maquiagem de ontem que a preguiça não deixa tirar
a cara de ressaca no café das três

é esse buraco nas conversas
é esse sentimento sem lugar pra ficar
o vazio que preenche todos alvéolos e bronquíolos do pulmão

traz a garrafa de vinho
um palheiro
e vem junto

toma a minha chave
abre a porta
entra aqui em casa

nos meus esboços, no que eu escrevo, na blusa, calça... ou em mim.

[Ouvindo: Creep - Radiohead]